quinta-feira, janeiro 22, 2009

segunda-feira, janeiro 19, 2009

a edgar allan poe*

Meu relógio de pés nus a quinta da noite italiana
minha cabeça de anéis dolorosos como jacintos pretos recém-colhidos
minha criança grande escorregando pelos braços da mãe quando mil
candelabros dardejando nas escadas dos palácios anunciavam um corpo delicado e quente
minha caranguejola de diamante entre a vida e a morte a graça e a desgraça a verdade e o erro
meu malfadado e misterioso homem
figura descida    figura embrulhada    figura muitos pés acima de si mesma e no entanto figura de claridade
figura de homem deitado com um estrela na boca escorrendo água 
meu Eliseu do mar    amado das estrelas
segredo das suas águas silenciosas
meu rio negro áspero venenoso cintilante e tremente esmeralda e violeta
por onde mil nadadores lutando contra a corrente procuram ainda em vão à superfície o que só no mais fundo da água resplandece
a tua parede branca de aparições fumegantes

LIGEIA
"acima ou fora da matéria só comparável à estrela de sexta grandeza, dupla e variável, que se encontra próximo da estrela grande da Lira"

MORELLA
de mãos frias e agudas, falando, falando sempre, "porque as horas de felicidade passam e a alegria não se colhe duas vezes na vida, como as rosas de Paestum duas vezes no ano"

RODERICO
os cabelos sedosos em torno da face, os olhos grandes, húmidos, luminosos, os lábios numa curva extremamente bela

"Contei-lhes a minha história" - "não quiseram acreditar-me!"

Mas há, sim, outros mundos além deste, 
outros pensamentos além dos pensamentos da multidão,
arcanjos que se ergueram para cobrir desertos
onde só o universo arde
porque dois lábios finamente delineados tremem
porque Mentoni ainda ri, em traje de cerimónia, com a sua figura de sátiro
porque não houve forma de passarmos adiante e uma terrível nuvem cor de chumbo enche de espantosa velocidade o espaço
Maelstrom Maelstrom dos teus olhos no mundo
Maelstrom destruindo caixas sobre caixas sobre o ventre total de uma caixa de música americana
como as que às vezes se vêem nos porões
as mãos brancas e nuas de firmes aranhas de prata

* de Mário Cesariny, àquele cujos 200 anos sobre o seu nascimento se celebram hoje. in Pena Capital.

Estamos a preparar-nos para conquistar a Europa

sábado, janeiro 10, 2009

A vida dos outros parece ficção 1

"23 de Maio de 1936

Tudo acabou! O Carlos casou hoje.
Já não tenho o direito de escrever os meus sentimentos a respeito dêle. Mas antes de fechar, para sempre este livro, onde assentei as minhas maiores alegrias e os meus maiores sofrimentos, quero analisar o que presentemente sinto pelo Carlos.
Sofri hoje ao saber que êle se ligava a outra. Mas não foi o coração que sofreu, foi o orgulho. Já lhe não tenho amor. Parece-me, o que tenho, com certeza é muito pouca sorte."

M.J.

quinta-feira, janeiro 08, 2009

o que dizemos pelo messenger

i'm the son of Rambow! says: (4:27:05 PM)
nao me aptece trabalhaaaaaar

i'm the son of Rambow! says: (4:27:08 PM)
olha tens seguro de saude?

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:10 PM)
tou a ver

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:21 PM)
eu tenho dir cavar o buraco no meu quintal pa

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:28 PM)
enterrar a cadela do  meu avo

i'm the son of Rambow! says: (4:27:28 PM)
pra enterrar quem? :S

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:30 PM)
merquita

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:34 PM)
ja venho

i'm the son of Rambow! says: (4:27:37 PM)
mas morreu qdo?

Lydie - com a ajuda de uma tesoura de cozinha limpe muito bem os rins says: (4:27:41 PM)
ela ta na mala do carro

quinta-feira, dezembro 11, 2008

Obrigado ao Skip, e obrigado as vizinhas por avisarem da chuva.*



*ou como de repente parte do património do há.que.dizê.lo ficou limpinho e a cheirar bem. Quando antes eram baratas, era pó, era naftalina.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

Isto faz-me lembrar o Tiago, ou talvez seja o Teatro.



Fitter, Happier - Radiohead.

Vamos ao Teatro, amiguinhos!


As palavras que se vão seguir não foram extraídas de um poema: deveriam tender para ele. Seriam uma tentativa, ainda muito longínqua, de aproximação, se por acaso não fossem um rascunho entre muitos de um texto que será caminhada lenta, comedida, em direcção ao poema que justificará tanto este texto como ele me justificará a vida.
Jean Genet

Estes textos de Jean Genet são fragmentos de um discurso incompleto e sem qualquer tipo de estrutura narrativa. São fragmentos dispersos que nos colocam perante a presença da palavra evocativa de um universo iconográfico deste autor. Para nós, este universo remete para a ideia de retratos e auto retratos. Através destes textos procuramos trabalhar a separação em dois planos entre a palavra dita e ouvida pelo espectador e a imagem ou acção criada em cena. Fazendo depois convergir estes dois planos para a mesma unidade espaço/tempo onde quem vê e ouve, compõe individualmente analogias entre as palavras de Genet e as acções cénicas criadas.

Um projecto de Francisco Salgado a partir do universo de Jean Genet

Criação John Romão, Leonor Cabral, Manuel Henriques, Marco Franco, Sofia Dinger, Francisco Salgado, Inês Vaz, Wagner Borges, Cristina Alfaiate
Produção Nuno Ricou Salgado e Rita Cabral Faustino
Assistência de produção Emília Ferreira
Organização Procur.arte

Apoios: Ministério da Cultura / Direcção-Geral das Artes, Instituto Franco-Português, Escola Superior de Teatro e Cinema Chapitô

3 a 14 Dezembro
Instituto Franco-Português

Vamos ao Teatro, amiguinhos!



Júlia é um espectáculo idealizado por dois recém-licenciados pela Escola Superior de Teatro e Cinema (ESTC), Vânia Rodrigues e João Abel, a partir de Menina Júlia de August Strindberg.

Um espectáculo-simulacro que serve o estudo do conflito intrínseco nas relações humanas, os jogos de egos incorporados na realidade que nos envolve, a (im)possibilidade de destruir barreiras teóricas que sustentam a base de um "estado" do qual derivam acções exclusivamente mentais, imateriais, são o objecto de trabalho na concepção deste espectáculo.
Júlia traduz-se na exploração e aplicabilidade de um teatro para além da acção puramente dramática, mas ainda assim partindo da estrutura dramática. A capacidade de transpor a poesia de Strindberg em acção teatral será a nossa quimera.


Encenação João Abel
Interpretação João Abel. Maria Vasconcelos. Vânia Rodrigues.
Produção Executiva Catarina dos Santos
Montagem vídeo Pedro Joel
Design PK


Apoios: Comuna-Teatro de Pesquisa. In Impetus. João Garcia Miguel. Teatro Praga. Útero Teatro. Há.que.dizê.lo

Bilhete:
7,50€ preço normal
5€ com desconto

P.S.: mais uma mega produção (aqui o termo mega é utilizado como indicador qualitativo das qualidades da pessoa que exerce a função que lhe segue) da nossa Catarina

terça-feira, dezembro 02, 2008

Algumas particularidades...


(foto roubada daqui)

Ontem, na Praça de Touros Campo Pequeno, 18º Congresso do PCP. Milhares de pessoas de punho ao alto e movimentos sincronizados gritavam viva, a luta continua e assim se vê a força do PC.

Não querendo ser político, e menos ainda irónico ou sarcástico, mas com uma enorme curiosidade e vontade de aprender, pergunto:

 a luta? continua? que luta? continua desde quando? desde onde?

sexta-feira, novembro 28, 2008